Ladrões de sebo
são jovens poetas
que empoeiram as mãos
em páginas velhas.
Ladrões de sebo
são colecionadores
de títulos e nomes;
amores e amigos.
São filhos da noite,
irmão do vinho.
Gostam de ouvir a chuva
dos vinis antigos.
Conhecem alguns acordes,
cantarolam pelas ruas,
se empedam de poesia
nas estações noturnas.
Moram em repúblicas
ou em apartamentos
com livros empilhados
fazendo o papel de parede.
Apagam as luzes elétricas,
acendem o fogo das velas,
vagalumeiam cigarros
e inventam neologismos.
Ladrões de sebo são prodígios.
Serão os próximos livros
a serem roubados do arquivo
por novos colecionadores.
Ladrões de sebo
declamam de braços abertos
anunciando aos quatros cantos,
na presença dos quatro ventos,
o verde acervo dos versos,
sarau
dos mais velhos modernos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário